sexta-feira, dezembro 30, 2016

Os Irmãos Karamázov - Fiódor Dostoiévski


No começo de minha escrita decidi que a cada livro lido desta obra (dividida em livros) faria um breve resumo. Mal comecei e parei com esta atividade, tendo em vista que a wikipédia apresenta a obra desta mesma forma. Então voltei meus esforços em fazer aquilo que mais me agrada, escrever sobre o que senti ao ler. Claro, não sem antes descrever um pouco a situação em que se encontram os personagens, afinal, não quero uma bagunça, mas algo em que possa ler e retornar a experiência vivida.
A trama se desenvolve em torno das desventuras da família Karamázov, tradicional família de sensuais, sendo Fiódor o patriarca e Dmitri (Mitia), Ivan e Aliêksei (Aliocha) seus filhos. Fiódor faz estimada fortuna ao casar-se pela primeira vez, embora tenha se casado duas vezes. Teve um filho do primeiro casamento e dois do segundo, porém nunca teve relação com seus filhos, nunca os criou, delegando (ou relegando) essa tarefa a empregados ou parentes de sua ex-esposa.
A história começa a pegar fogo quando seus filhos já estão adultos (ou praticamente, Aliocha é novo, mas nem tanto) e acabam voltando suas ações ao descarado patriarca russo. O que mais me chamou a atenção nesse ponto é o fato de que tanto o velho Fiódor quanto seus filhos atraem as mulheres, eles são considerados “sensuais por sua natureza”. Esse tema é bastante discutido durante a história. Dmitri tem uma noiva, mas é atraído por Grushenka, que dá atenção também a Fiódor. Ivan se aproxima da noiva de Dmitri, mas não admite seu interesse, mesmo quando Aliocha tenta meter a colher onde não é chamado, Ivan renega seus sentimentos e Aliocha se aproxima de Grushenka, que por sua vez sempre bradou que tinha interesse em Aliocha, sendo que este despertou o interesse de uma menina chamada Lisa, que mora com a ex-noiva de Dmitri, Katierina. Só sei que esses “kara” tem borogodó.
Outro tema proposto é o da existência de Deus. Ivan formula algumas teses dentro da obra através da criação de um conto em que Jesus Cristo retorna à Terra, mas é rejeitado por promover a desordem e o caos, por causa de sua vinda. Por sua vez, Aliocha faz parte de um “mosteiro”, por assim dizer, e tem como Zózimo seu mestre e mentor. Zózimo morre no decorrer da história e é venerado por muitas pessoas, ao passo que desperta a inveja de outros monges, o que faz gerar histórias a favor e contra essa pessoa. Tem-se muita discussão sobre a religião e a forma como os russos a encaram. Além de algumas festas. As festas que Mítia deu merecem uma breve descrição. Ok, nem tanto, mas poderíamos considerá-lo um “rei do camarote” da época. Champagne, música ao vivo, confusão, brigas… Parece até uma festa atual, mas com Mítia bancando tudo, gastando muito dinheiro em poucas horas. Isso é um tanto perturbador. Os personagens da história criticam Dmitri por ele não se importar com o dinheiro. Parece alguém que não dá bola para o amanhã, para o futuro, vive o presente, carpe diem, embora a situação não seja assim favorável. São muitos elementos descritos na obra que lembram situações atuais, como essa, em que um jovem torra a grana de seu pai em festas
Trata-se de um romance essencial. Todas as pontas estão amarradas, embora Dostoiévski estivesse escrevendo a continuação da obra, que seria mais focada em Aliocha, quando faleceu, sem terminar essa segunda obra. Ler este livro é como poder estar em um pedacinho da Rússia no séc.XIX, em meio a questões religiosas, de reavaliação da identidade russa, além de uma grande confusão entre amores não vividos, negação da paternidade, assassinato, tentativa de assassinato, julgamento e festas.

segunda-feira, outubro 24, 2016

Guerreiros da Tempestade - Bernard Cornwell

E a saga de Uhtred continua...
Nono livro da série Crônicas Saxônicas (isso mesmo, LIVRO 9) escrito por Bernard Cornwell, também autor de As Crônicas de Artur, A Busca do Graal, e As Aventuras de Sharpe. E como era de se esperar, luta, sangue, morte, saxões, dinamarqueses, noruegueses, irlandeses, todos misturados no contexto da criação da Inglaterra (não é bem assim, mas vamos chegar lá, um dia).

SPOILER ALERT
Os relatos a seguir fazem parte da história. Como esse livro relata, o narrador-personagem Uhtred se envolve na disputa para derrotar o norueguês Ragnall, que reuniu forte exército nas terras ao norte da Mércia, aliando-se a alguns temíveis irlandeses, para ser o manda-chuva de toda a ilha britânica. Como podemos supor, se é Uhtred que conta a história, é porque ele sobreviveu a essa disputa. É difícil ter algum susto com a trama, diferentemente de outras histórias, como as escritas por aquele autor que mata os personagens que mais gostamos e nos deixa órfãos, ¬¬. 
Ragnall quer dominar Nortúmbria, Mércia, Wessex e a Ânglia Oriental, até onde sabemos, e começa sua incursão por essas terras no norte. Uhtred frustra seus planos, e o mais interessante, esse pagão que adora salvar a pele dos cristãos, resolve agir de maneira a contrariar sua querida Æthelflaed. O final é que ele consegue atingir seus objetivos, sem causar mais problemas para si, e, sim, finalmente, parece se encaminhar para tomar Bebbanburg, algo que esperamos que aconteça no Livro 10, pois não foi dessa vez que leremos sobre a derrocada dos guardiões da terra natal do senhor da guerra.
O livro é dividido em 3 partes, Cornwell sempre antecipa o que está para acontecer, mas com aquela ótima descrição das batalhas, que acontecem com muita frequência. As viagens de barco estão presentes, e conhecemos um pouco sobre a história do seu fiel amigo Finan, o irlandês, que está junto de Uhtred desde que foram escravos, há muitos anos. Essa era uma parte bem escondida de nós, meros leitores. Também ficamos conhecendo o destino de sua amada filha, Stiorra, que havia fugido com Sigtryggr (para a Irlanda) e de seu filho padre, o Oswald, que retorna para Uhtred. Novos personagens aparecem, como o padre a ser bispo de Ceaster, Leofstan, carismático até para o senhor da guerra, e sua esposa, uma prostituta mulher que arranja altas confusões com os soldados dos exércitos de Uhtred e de Æthelflaed. 
Uma das mortes mais esperadas no livro é a de Brida, primeira amante de Uhtred. Sim, ela morre, afinal, Wyrd bið ful ãræd. Acho que os spoilers acabam por aqui, pois não é essa a intenção do blog. Deixei vários assuntos de fora, como o próprio nome do livro, não falei sobre guerreiros da tempestade, tempestade, etc... Tem ainda um outro personagem do passado de Uhtred que, deixa pra lá, leia logo de uma vez.
FIM DA ZONA DE SPOILERS
Mais uma vez Cornwell nos deixa esperando pelo fim da saga de Uhtred Uhtredson, ou Uhtred Ragnarson, a vingança para retomar a suas terras de direito, seu dever de protetor do norte. Parece que ele não tem fim, um guerreiro de um punhado de anos, quando a maioria de seus contemporâneos já faleceu, que está lá, firme e não tão forte em busca de Bebbanburg. Pode parecer cansativo para alguém que ainda não começou a ler, mas para quem já a iniciou, sabe que as páginas passam rapidamente pelos olhos. A escrita se torna fácil de ser lida, embora os nomes.
O contexto histórico nesse livro foi bem sucinto. Diferentemente de livros anteriores, este não busca uma história próxima da realidade. Acredito que é assim escrita para que finalmente nosso herói pagão tenha um final digno de um guerreiro, mas sem se importar com a veracidade dos fatos históricos, afinal, se os leitores quiserem podem procurar em livros de história e fazer toda aquela análise e confrontação para saber como a Inglaterra foi formada. Como está escrito no final deste livro, este é o pano de fundo para os romances de Uhtred. O interessante é sabermos que a Inglaterra foi formada por diversos povos, e eles estão presentes nestes romances e em outros, como as Crônicas de Artur, que se passam muitos anos antes de Crônicas Saxônicas.
O meu sentimento ao ler estes livros é o de superar meus problemas, ser mais forte do que o destino, embora este seja inexorável. Cada vez que leio tenho mais vontade ainda de seguir em frente, construir uma história. Passamos brevemente por este mundo de perigos, e não podemos nos dar ao luxo de sermos inertes, inexistentes. Como seres inacabados, estamos em constante evolução, e é isso que vejo em Uhtred, um herói que aprende a cada situação. 
Boa leitura a todos.
Guerreiros da Tempestade - Bernard Cornwell
Thumbnail de youtuber falido, mas é o que temos para o momento.


Suave é a noite - F. Scott Fitzgerald

Essa foi uma obra que demorei certo tempo para terminar sua leitura. Por quê? Porque não estava muito no clima de um romance dos anos 20. Ele é dividido em III partes, chamadas Livro 1, 2 e 3, sendo que a história não está na ordem natural das coisas, isto é, começamos conhecendo os personagens principais no Livro 1, porém no Livro 2 o passado dos personagens é relatado. Foi só aí que comecei a achar interessante o livro. Nesse ínterim, acabei parando de lê-lo para ingressar no mundo de Kurgala, como já descrito nos posts anteriores.
Já havia lido um livro de Fitzgerald anos atrás, do qual gostei muito, o que não faz com que não tenha gostado deste, apenas demorei demais para achá-lo interessante. O universo das pessoas muito ricas antes da quebra da bolsa de 1929 ainda me parece muito fora dos padrões aos quais eu consiga imaginar como natural, mas acho que o mesmo se aplica se eu lesse sobre o alto padrão milionário da época atual. Como não o faço, fico na hipótese de que sim, sem comprovação da minha parte.
A história começa na Riviera Francesa, com o casal Diver fazendo amigos com outros ricos. Não há preocupação de explicar por que são ricos. Nisso, eles conhecem uma jovem atriz de Hollywood, Rosemary, que ao longo da trama, se apaixona por Dick Diver, marido de Nicole. A partir disso os vícios de caráter destes personagens começam a aparecer, chegando a uma degradação fortíssima em Dick, um médico psiquiatra que aceitara casar-se com sua única paciente até o momento, e claro, se eu ficar escrevendo sobre isso acabarei contando a história toda, e não é por isso que escrevo aqui (é para lembrar-me sobre o que já li).
O aspecto mais forte que considero é a recuperação por parte de Nicole e a degradação de Dick, e como cada um reage a isso. Como Dick suportou tanto tempo agindo como todos desejavam que ele agisse, um cavalheiro quase que perfeito, sendo que em seu interior nada era tão estável como imaginassem os amigos e a sociedade? É uma pressão um pouco egoísta, também da minha parte como leitor, mas é um homem, caucasiano, bem sucedido, que atingiu status desejado por muitos americanos (A Casa da Felicidade, de Edith Wharton, mostra o que é esse desejo americano de se viver europeu), casado com uma mulher linda, filhos bem educados, e tudo mais que a sociedade espera e cobra de uma pessoa, mas que não se encontrou como pessoa, não sabe seu caminho. Isso acontece com a natureza humana, não temos a resposta para: o que fazemos no mundo, qual meu propósito na vida? escrita em nosso DNA. Alguns sortudos a descobrem, outros fingem encontrar, e outros não se importam com isso, mas sempre existirão aqueles que passarão suas vidas a dedicar tempo e mais tempo a fim de descobrir isso, sem sucesso até o final.
Na edição que li é possível ler Nota sobre o texto, que explica o contexto da publicação da obra, por Arnold Goldman, além de Notas explanatórias.
Boa leitura a todos.

domingo, outubro 09, 2016

O Espadachim de Carvão e as Pontes de Puzur

O box que comprei incluía os dois primeiros volumes de O Espadachim de Carvão. Agora é vez de escrever sobre Puzur. Uma das coisas que mais gostei no primeiro livro foram as citações sobre Tamtul e Magano, heróis de uma série de livros que Adapak lera muito, mas muito mesmo. As citações abrem os capítulos, não todos, mas a maioria. No segundo livro esse recurso também está presente, e agora a obra passa a dar mais referências sobre esses personagens-heróis que o protagonista tanto admira.
Sobre a história: Puzur (que está no título da obra) é o alvo do escritor, que volta ao passado para narrar a história deste personagem que permeia o imaginário. Adapak também busca informações sobre ele em uma biblioteca. Então temos a narrativa sobre Adapak buscando em relatos de soldados (não são soldados, mas deixarei assim) conhecer quem foi realmente Puzur e temos o narrador-escritor relatando a história desse anti-herói. Fato rápido: Percebemos como a história é modificada por quem a conta, seja de forma falada, escrita ou musicada. A personagem que vivencia as aventuras de Puzur é uma barda (se podemos assim dizer), e sabemos que essa classe adora contar histórias e transformá-las em algo muito mais interessante do que são.
Vale a pena ler? Sim, como já escrevi no primeiro texto. Buscava uma fantasia e achei uma, gostei do universo que gira em torno de Adapak, a forma como é escrita, as ilustrações, os detalhes e tudo mais.

terça-feira, setembro 27, 2016

O Espadachim de Carvão - Affonso Solano

Anos atrás, lá pelo início de 1993, eu, Miguel, aprendia a ler e escrever. Fazia isso em casa. Quando a professora da pré-escola descobriu tive um problema: pré-escola serve, basicamente, para desenvolver a questão motora do indivíduo. Porém eu não desenvolvia muito isso, pois passava a maior parte do tempo tentando ler. Lia tudo. Lembro do dia que tivemos (todos os colegas) que fazer uma cidade com caixas de remédio trazidas de casa. Pois a mim só interessavam aqueles nomes esquisitos de remédios, cheio de letras e palavras difíceis.
Essa semana eu terminei a leitura do livro O Espadachim de Carvão, de Affonso Solano. Adapak é o personagem principal dessa fantasia, que tem como fundo a região (mundo) de Kurgala. Ahn, acho que não é necessário dizer escrever que ele luta com espadas e tem a cor do carvão. Sendo apresentado como filho de um dos quatro deuses de Kurgala, aprende em uma "casa" muitas coisas sobre a vida desse universo, a se defender, dentre outras coisas. Porém se vê obrigado a fugir dessa casa, e começa a sua aventura como adulto em meio a uma guerra entre as diferentes populações, crenças e raças de Kurgala.
Aos 17 anos acabei adentrando o curso de Letras. Parecia até óbvio para alguém que foi narrador do teatro da turma da 1ª série. Como os colegas não conseguiam decorar suas falas, eu mesmo dublei a todos. A peça era adaptação do Negrinho do Pastoreio. OK, nem tão óbvio assim, mas teatro, narração, história e o curso de Letras têm algumas coisas em comum. Terminei o curso aos 21 anos, mas conhecer bem a língua portuguesa é outra história. O que fiquei estudando dentro dos 4 anos e meio parece não fazer muito sentido quando tento escrever ou falar. A teoria é bem diferente da prática...
Adapak corre, luta, encontra pessoas, é ludibriado por elas (quase que o tempo todo), se envolve em confusão, não se encontra num lugar que, embora já o tivesse estudo, parece tão diferente dos livros. A teoria é bem diferente da prática...

Eu poderia continuar esse jogo de parágrafos sobre minha história (velha antiga), mas vou parar por aqui mesmo. O livro brinca com esse recurso de mostrar uma situação ocorrida com o protagonista num capítulo para no seguinte voltar ao tempo atual. Gostei disso. Gostei também dos breves pensamentos expressados em poucas palavras, fixados entre os parágrafos como

Merda

e então continuar com a história. Lembrou alguma coisa vinda dos quadrinhos. Sobre a história:

  • É uma fantasia, cheia de personagens de diferentes raças, características, habilidades (habilidibob), cores, e deuses. O protagonista parece estar jogando RPG, o mestre manda ele seguir e ele vai, sem muitas pretensões a não ser continuar a viver. A única coisa é que ele já sai com um nível bem alto, então vai se safando dos perigos facilmente, sem perder muita vida.
  • É simples. E eu gosto disso. Não gosto de uma história de fantasia que se parece com literatura intrincada. Caso eu quisesse isso, teria ido atrás de outros autores, como Machado (e não há problema algum nisso também, mas se quero ler alguma obra fantástica é porque prefiro ver um mundo bem, mas bem diverso do que estou acostumado a ver nesse em que vivo). 
Enfim, já estou na segundo livro da coleção. Espero terminá-lo em breve e poder escrever sobre.

Comprei os dois livros numa promoção bem barata do Submarino.


O não tão jovem Miguel segura o livro que conta a história do jovem espadachim


terça-feira, setembro 20, 2016

O Império do Sol – J.G. Ballard


Primeira manifestação: estou ouvindo Death Cab for Cutie; segunda manifestação: não consigo dormir neste momento, 00:58 de segunda-feira, resultado de um café duplo obtido enquanto jogava D&D com meus amigos no domingo à noite; terceira e última manifestação: escreverei sobre a obra O Império do Sol, de J.G. Ballard.
Primeira consideração: difícil achar conteúdo sobre o livro O Império do Sol, pois o filme adaptado do livro foi um grande sucesso de Spielberg.
Segunda consideração: sou um ocidental, criado na cultura ocidental sul americana do sul do Brasil, descendente de imigrantes italianos (embora muitas pessoas achem que sou descendente de alemães, por vários motivos) e que estudou sobre a II Guerra Mundial no ensino fundamental e um pouco no ensino médio pela perspectiva da devastação ocorrida na Europa, com os milhões de judeus mortos em campos de concentração, milhões de civis e combatentes europeus de diversas nações mortos na Europa, e, claro, sobre os ataques dos japoneses aos americanos em Pearl Harbor e a consequente morte pela bomba atômica e seus contínuos efeitos em Hiroshima e Nagazaki, realizada pelos bombardeiros americanos aos japoneses.
Terceira consideração: nem falei sobre nazismo, fascismo, aliados, manobras políticas, consequente guerra fria pós-guerra, dentre outras coisas; só quero destacar que em todos os meus estudos não lembrava de ter havido uma guerra dentro da China durante a II Guerra Mundial. Sério. Não lembro disso. Não posso culpar a educação recebida, devo culpar a mim por não ter pesquisado em livros sobre (internet nos anos 90/00 não era lá acessível a mim, era necessário ir à biblioteca e procurar livros). A obra conta a história do personagem principal, descendente de ingleses e que moravam na China, que é separado de seus pais em um ataque nesse país. Então, após percorrer de bicicleta uma Xangai em plena guerra de japoneses contra chineses, é detido em um campo de concentração pelos japoneses. Nesse ínterim, a história se desenvolve. O personagem fica confuso em muitos momentos: não se lembra da fisionomia de seus pais, fica fascinado pelos aviões, desejando até mesmo ser piloto, não sabe de qual lado está nessa guerra, convive com diferentes culturas enquanto recebe educação de certos personagens ingleses, embora não entenda o motivo dos ingleses serem como são, é removido do campo de concentração, contrai doenças, aprende a sobreviver, vê mortes, muitas mortes, muitas mortes mesmo, e quando está encurralado acreditando estar morto, acaba encontrado por um fantasma de suas lembranças, que o salva e o traz de volta a seus pais.
Quarta consideração: acho que essa é a mais relevante de todas as considerações. Vivemos, nós, humanos de 2016, século XXI, em um período crucial. Existem grupos radicais cada vez mais extremistas, parecidos com aqueles grupos nascidos nos berços da ignorância da II Guerra, que ameaçam de várias formas destruir o mundo em que vivemos. Existem também grandes grupos detentores da riqueza material que exploram o ser humano, exploram a natureza de forma tão violenta que ameaçam destruir o mesmo mundo em que vivemos em uma escala crescente, aproximando-nos de uma extinção até mais rápida do que aquela prevista pelas consequências de guerras atômicas. A obra escrita em 1984 parece não ter tanto efeito no ano de 2016. Parece que não nos importamos com nada, apenas com a opinião própria, e não aceitamos mudar. Claro, existem muitas correntes e muitas pessoas que estão buscando fazer a diferença. São como um grão de areia na praia, uma gota de água para apagar um incêndio na floresta, mas são, e é isso que os torna tão especiais.
Esse foi o segundo livro sobre lembranças da guerra vividas pelos autores que leio este ano. Mais uma vez, li sobre outra perspectiva, variando daquelas vistas na escola. Mais uma vez, sofri. Mais uma vez, entristeci com o presente e o futuro. Talvez daqui 32 anos não tenhamos mais livros como este para ler, nem alimentos para comer, nem mundo para viver... Basta apenas seguir como está e pronto. Parece apocalíptico escrever assim. Bem, leia um pouco sobre as guerras que estes autores passaram e perceberá que eles já viveram um cenário de apocalipse, sem anjos suficientes para salvar a todos.

domingo, setembro 18, 2016

O Sol é para Todos - Harper Lee

Estou devendo três novos posts, porém este será recém o primeiro. Li este ano o maravilhoso livro de Harper Lee, To Kill a Mockingbird, ou em português, O Sol é para Todos. Eu escrevo como se tivesse uma audiência, portanto, vocês (audiência) devem ter percebido que não faço bem um resumo do que li, mas sim, uma relação de como me senti ao ler a história. Às vezes é até possível que eu faço um resumo, mas não é essa a intenção. Pois bem, a história é cativante. A personagem principal é uma menina, que tem um irmão mais velho que a ama, um pai que a ama, um grande amigo que a ama, uma ama que a ama, e demais personagens. Eu estudei a história dos Estados Unidos. Tenho uma monografia sobre a modernidade no contexto da virada do século XIX para XX nos EUA através da obra The House of Mirth, de Edith Wharton, então eu tenho um pouco de conhecimento quando o assunto é sobre este país. Os temas abordados no livro estão envolvidos na pureza e na justiça dessa personagem que tem uma criação ímpar. O pai é um advogado muito correto que deu muita liberdade a seus filhos, calçado em uma educação justa. Vale a pena ler esta obra quase que todos os anos, e olha que não curto ficar repetindo os livros (faço isso com o filme Pulp Fiction, de Tarantino, pois também vale a pena). Isso significa muito para mim. Mesmo. Comprei o livro após a morte da escritora Harper Lee, após ter saído da empresa em que trabalhei por 1,3 ano, após ter ido à praia e lá entrado em uma livraria. Mas tudo isso foi nesse ano, 2016. A mistura de emoções que senti a me aproximar do clímax da história foi intensa. Há histórias que são boas apenas por saber contar a história, mas essa supera essa barreira, por contar uma história com um ótimo fundo, com um ótimo motivo, por confrontar verdades, sociedades, e continuar a ser incrível.
Os próximos posts que estou devendo falam sobre assuntos bem diferentes desta obra citada acima, embora eu nem tenha escrito até agora que a obra fale sobre a discriminação com os negros americanos no período pós-depressão na América (principalmente isso, dentre outras coisas). É que a escritora fez isso de um jeito tão único que me senti desconfortável em expressar minha opinião para corroborar com ela, pois teria argumentos muito fracos depois de tantas aulas de humanidade. Mesmo com os acontecimentos dos últimos momentos em que vivo digam o contrário, espero, um dia, poder ser como o pai da pequena Scout.
Não citarei fontes para comprar esta obra, mas deixo um link para que ouçam a canção Harper Lee, da banda irlandesa Little Green Cars, que começa com a frase traduzida livremente por mim "como uma batida eu espero pelo impacto", que foi minha sensação ao terminar de ler a obra.

terça-feira, agosto 02, 2016

O Morro dos Ventos Uivantes - Emily Brontë


Eu precisava saber se gostaria de ler O Morro dos Ventos Uivantes. Este romance ganhou destaque nos últimos tempos, embora não tenha ouvido falar dele na faculdade, ou não lembro de ter ouvido (provável situação, não lembro muito da faculdade, faz tempo já, parada antiga). O romance único da escritora Emily Brontë é bem clássico para o estilo, se é que pode-se assim dizer. Não sou um especialista em romances. Algo que me chamou a atenção foi a dureza de alguns personagens, uma conversa rústica, franca, agressiva, muitas vezes.
O universo da história se passa nas casas entre o morro e a granja, embora o intruso Heathcliff tenha vindo de outro lugar, pois foi encontrado pelo pai de Catherine e levado para a casa do morro, pouco se é falado sobre seu passado. E acho que é isso que faz com que o universo da história pacata que os personagens viviam, até então, mude. A história é contada para Lockwood, um senhor que alugou a casa na granja e que passou um tempinho quase que preso, pois nevava muito, na casa do morro. Ao conseguir sair da casa, o senhor Lockwood estava intrigado, e também doente. Chegando à granja, Ellen Dean a.k.a. Nelly toma para si a responsabilidade de:
  • Cuidar do senhorio, pois ela é a serviçal da granja. 
  • Relatar a história (interminável) de intrigas que ocorreram entre os donos do Morro dos Ventos Uivantes e da Granja da Cruz dos Tordos até (quase) o momento presente. 
Sobre a escrita achei bem característica da época. Alguns nomes dos personagens se repetem, fazendo com que fique um pouco confuso, fora o fato de também serem chamados por seus sobrenomes, que por vez, para as mulheres, mudavam quando casavam. Tudo fica entre as famílias dos dois locais, sempre afetados pelo elemento exterior, chamado Heathcliff. Os elementos fantasmagóricos estão levemente presentes, sendo que acho esse um ponto que pode acrescentar para a história. A narradora procura encontrar traços dos antepassados em seus descendentes, muito embora alguns tenham morrido sem nem ter conhecido sua prole. O final da história é bem mel, por assim dizer. Parece uma novela de alguns anos atrás, quando os protagonistas queridinhos se davam bem e o malvado da história se lascava. Embora ele só tenha desistido de viver, com algum elemento loucura/fantasma, facilitando para os jovens primos que se detestavam até pouco tempo ficarem juntos e felizes para sempre, pois além disso a história não avança.
Se gostei de ler? Não, não gostei. Eu prefiro acontecimentos rápidos, respostas imediatas. Essas ações dos romances de 1800 ficam muito amarradas. O mundo era bem diferente, mas assim eu sanei minhas indagações. O livro é bem escrito, e audacioso até para a época.
A minha edição do livros é da coleção L&PM Pocket

Comprei o exemplar na Vitrola

O Morro dos Ventos Uivantes - Emily Brontë



Azul-corvo - Adriana Lisboa

Este é um livro do qual não sabia da existência. Recebi emprestado do meu amigo Guilherme. A obra tem uma narradora que conta as histórias de sua mãe, Suzana, que nasceu no Brasil, mudou-se para os Estados Unidos (viajou para outros lugares nesse período) e retornou ao Brasil, as histórias de seu pai (que é quem a registrou, mas que não é bem seu pai, é mais um ex-guerrilheiro) que viveu no Brasil, foi para Pequim (Beijin né?), retornou ao Brasil, saiu do Brasil, viveu em outros lugares do mundo (Londres) e passou a viver nos Estados Unidos, mas não sem antes ter mudado de estados americanos, e sobre a sua história, de ter nascido nos Estados Unidos, mudado para o Brasil e voltado para o país da liberdade. Existem outras histórias dentro dessa história sobre outras pessoas que se envolvem com as pessoas-chave da principal história. Algo que gostei muito foi maneira como a história se desenvolveu:
  • A narradora começa de um ponto-presente no tempo para relatar sua história quando ela tinha 12, 13 e 14 anos. 
  • Ela também relata a história da sua mãe quando tinha 9 anos. 
  • A história da sua mãe e dela mesma de volta ao Brasil, nos anos 90, até o ponto que retorna aos Estados Unidos. 
  • Relata a história de Fernando (seu pai-não-pai) quando usava o codinome Chico no final dos anos 60, início dos anos 70 na ditadura militar no Brasil. 
Então é uma obra com muitas voltas ao tempo, mas que não segue uma estrutura em que o tempo segue linearmente. Dentro dos capítulos esses tempos são retomados, como as histórias de Chico como aprendiz de guerrilheiro na China, guerrilheiro no Brasil, entre outras.
A protagonista, ao enfrentar uma grande perda, decide voltar aos US and A em busca do pai biológico que não sabia sequer da existência até pouco antes da perda referida no começo da frase. Basicamente este é o mote do livro. Achei bem criativo e gostei da maneira como foi escrito. Leitura muito fluida, levei 3 noites para ler as 219 páginas. As estruturas dos parágrafos são bem interessantes, com muitas descrições e até inserções da Wikipedia e Yahoo Respostas. Parece muitas vezes um diário (ou um blog), como uma pessoa entre os seus 13 anos escreveria, mas já passados uns 8 anos desses seus 13 anos, então ela já sabe bem como relatar a história ocorrida e não como alguém que relata o que ocorreu no mesmo dia dos fatos acontecidos.
Outros aspectos culturais também são ótimas referências, como os do tempo da ditadura no Brasil, anos 2000 nos Estados Unidos (especificamente no estado do Colorado, onde se passa a maior parte do tempo) e as opiniões do Yahoo Respostas feitas por brasileiros. Para quem busca qualidade no atual quadro literário, esta é uma boa pedida.
Você encontra este livro na livraria Saraiva
Azul-corvo - Adriana Lisboa

sábado, julho 30, 2016

O Universo em uma Casca de Noz - Stephen Hawking

Esta obra é alvo de minhas intenções faz tempo. Lembro de passar em um sebo em Santa Maria no distante ano de 2012 e desejar muito o livro. Somente este ano me apoderei dele, em uma versão mais branda da editora Intrínseca. Eu me aventuro na física desde meados dos anos 90, isto é, duas décadas atrás. Isto fez de mim alguém que realmente estudou física no Ensino Médio? Não. Foram três anos apenas atingindo a média necessária para passar ao próximo ano. Shame. Shame. Shame.
Stephen Hawking faz um passeio na história, pegando Einstein no começo, passando à quântica, multiversos, teoria das cordas, teoria M, entre outros assuntos. Já vi muitos documentários sobre a vida e obra de Einstein. Assisti aos episódios de Cosmos, com Carl Sagan, na TV Escola, e também aos novos episódios da série com Neil deGrasse Tyson. Assisti na TV Escola a série Espaçonave Terra (Tous Sur Orbite, no original francês). Li muito mesmo sobre física, embora não seja capaz de realizar o mais simples cálculo. Há alguns anos Stephen Hawking esteve em evidência no cinema com um filme sobre sua vida (que ainda não o assisti). 
Quero, com esse parágrafo acima, é mostrar que meu interesse pelo assunto é maior do que minha incapacidade matemática. Se li mais de 10 vezes certos trechos do livro? Claro. Se tenho compreensão absoluta do que estava sendo explanado na obra? Óbvio que não, mas não é isso o que realmente importa, e sim, o despertar da consciência de que fazemos parte de um universo tão único que não vale a pena nos determos nas diferenças, porém nos aproximarmos para buscar a compreensão do que estamos vivendo. Certa feita ouvi de alguém que não compreendia o gasto em viagens espaciais, sendo que o mundo passava fome. Bem, graças ao avanço espacial, isto é, nos colocarmos em um local inóspito (fora da casinha Terra) que cientistas, inventores, e demais profissionais ligados à área, puderam desenvolver diferentes aparatos para melhorar a vida nesse mundo que passa não só fome, como tantas e tantas coisas que não citarei. São muitos avanços tecnológicos que só se concretizaram por estarmos fora da zona de conforto. Quando faço leitura de algo relacionado à física me sinto totalmente fora da zona de conforto. E é isso que busco, melhorar a minha compreensão em um ambiente não natural a mim, além de conseguir entender um pouquinho sobre a realidade que nos cerca.

Não tenho como ficar explicando sobre a obra. É boa de ler, eu adorei mesmo a forma como o autor conta sua história, sua relação com as coisas, admiração pelo universo que ele está inserido, a paixão por algo que tanto gosta. Gostaria muito de um dia escrever artigos com esta mesma fluidez, sem ficar se apegando a um modelo bíblico acadêmico, mas contando uma história, talvez como faço neste espaço virtual.

Comprei este livro no Submarino

Nada de novo no front - Erich Maria Remarque

Leitura iniciada dia 19/05, à meia-noite.

Esta obra foi lida em poucas noites. Poucas mesmo. Quando penso em guerra penso na Segunda Guerra; a Primeira não é levada em consideração, deixando claro que considero abominável qualquer guerra, mas é na questão de que nazismo e fascismo extrapolaram tantas coisas que só lembro da Primeira Guerra em se tratando de um período muito antigo. Enfim, minhas boas notas no Ensino Fundamental em História ficaram desbotadas e pareço cada dia mais distante daquela realidade em que dava muita importância aos assuntos humanos em detrimento aos assuntos digitais. Até não sei se pude me expressar da maneira correta, mas espero ter atingido êxito.
A história de um soldado alemão, que na guerra foi incentivado por velhos professores a participar, é muito intrigante, e revela aspectos de um mundo que não pode mais existir, um mundo em que a ingenuidade imperava. Um simples conselho dos mais velhos já não é mais válido como a verdade absoluta, pois é possível verificar qualquer sentença online. O lado ruim de hoje é não dar ouvidos as pessoas, sejam elas mais velhas, da mesma idade, ou mais jovens, só o que prevalece é o online. Enfim, não quero relatar sobre as atrocidades da guerra, mas sobre a ingenuidade de soldados que foram à guerra para defender ideais. O autor acaba revelando que não estava nem aí para tais ideais, que mais pareciam acadêmicos e não faziam sentido. Foi uma história que me deixou bem triste. Senti a solidão de um autor que não concordava com a realidade imposta a seus pares, mas que, a história mostra, não conseguiu atingir seu objetivo naquela época. A Segunda Guerra veio e aprendemos a odiar os alemães. Os livros e os mais velhos nos diziam isso, sendo que, óbvio, muitos lutaram contra tudo o que estava a ocorrer, porém foram silenciados, de diferentes formas. Nossa tendência a opor dois lados é tão heroica que sobrepõe a análise dos fatos, cegando a capacidade de compaixão. Que possamos enxergar além do que nossos olhos querem ver. Obrigado pela coragem, Erich Maria Remarque.

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quarta-feira, maio 18, 2016

Neuromancer - William Gibson

Há dois dias estou com dor de cabeça. Mesmo assim, sofrendo desta condição indesejável, terminei a leitura de Neuromancer, de William Gibson. É um livro complicado de ler, mesmo para quem já se aventurou a estudar a cibercultura. Gibson inventou uma realidade (realidade?) virtual apocalíptica em que os dispositivos tecnológicos criados pelo homem sobrepujam a vontade dos criadores. A trama ocorre entre Case, um cowboy (hacker) que é sequestrado, consertado e tem seu corpo ameaçado internamente por compostos químicos. A condição para que não morra por estes compostos é realizar tarefas que lhe são ditas apenas no momento certo.

Sem contar mais sobre a história, ela é difícil. Os termos criados pelo autor levam um tempo para serem compreendidos, mesmo tendo um glossário no final do livro, e alguns ainda são palavras que possuem outros significados para nós, nos dias atuais. Eu já havia assistido aos filmes Matrix e também os desenhos e lido sobre em sites, o que me auxiliou a imaginar certos trechos da obra e correlacionar com o universo descrito. O que mais me deixou noiado foi uma relação que fiz ao ver um filmete sobre o CES 2016. Acho que a sociedade está totalmente abduzida pela tecnologia inútil. Aí fazendo uma frase mais apocalíptica, até quando nós, humanos, seremos úteis para a tecnologia?

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segunda-feira, abril 25, 2016

Livros do segundo semestre de 2015

Estamos no 4º mês de 2016 e apenas agora escreverei sobre os livros lidos no segundo semestre de 2015. Que absurdo. Para que isso não mais ocorra, escreverei sobre cada obra individualmente logo após ter lido.
Não lembro mais da ordem, portanto terei que fazer de modo aleatório.
Comecei a ler O Retrato do Artista Quando Jovem, de James Joyce, e logo vi que seria uma porrada. O tipo de escrita dele é meio perturbador e as ideias levam um tempo para serem concatenadas. Algumas ficaram perdidas e não se encontraram. Enfim, demorei muito para ler, pois achei difícil. Sobre a história, a narrativa é sobre a Irlanda, seus políticos, governantes, religiosos e escola doutrinadora, tudo isso em meio a crise. Parece com os dias atuais, com crise de tudo, existencial, religiosa, política, etc.
Li também Baudolino, de Umberto Eco. Já tinha contado com Eco por causa dos meus estudos em comunicação, afinal, Eco, que faleceu a pouco tempo, era teórico da comunicação, professor e essas coisas acadêmicas. A criatividade dele é incrível. Baudolino é um personagem que faz com os outros acreditem em suas histórias e entrem de cabeça em suas aventuras pela idade média, misturando crenças e religião e guerra. É como um escritor que faz com que sua ficção se aproxime o máximo da realidade e os leitores sigam suas histórias, embora muitas vezes elas os levem a cometer insensatez, como buscar o reino do preste João. Pareceu muito com um RPG. E que baita RPG este que Eco inventou. Ele era o legítimo mestre que, não utilizando de livro, criou os mais variados desafios (quests) para si e seus amigos, os personagens da história, misturando personas clássicas da idade médias com outras inventadas.
Finalmente li O Centauro no Jardim. Leitura realizada em uma semana. Fui em um momento em que minhas asas estavam meio machucadas, então fiquei bastante tempo na árvore. Ainda bem que minha visão ampla me proporcionou ler muito rapidamente esta obra sobre um centauro nascido no Rio Grande do Sul, mas com uma cultura judaica russa. Pena que este centauro, por mais que tenha conhecido uma esposa que o aceitou, mesmo ele se sentindo diferente, buscou outras forma para si, desistindo da vida de meio homem meio cavalo e tornando-se algo que não era. É um obra, que na minha ideia, remonta uma ideia de aceitação na sociedade, sendo ele alguém deslocado no mundo em que escolheu viver, mas que no fim aceita que nem tudo na vida é como quer.
Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, me fez refletir sobre que mundo quero para meu presente, não meu futuro. As ideias apocalípticas que vi ali sobre a vida e o modo de criação da humanidade lembra o que vivemos nos anos 90, com a clone Dolly, aquela euforia de melhoramento genético. É um ótimo livro.
Termino com A Música ~do~ Silêncio, de Patrick Rothfuss, em uma história bem curta e com uma narrativa exótica para um livro sobre Auri, personagem misteriosa de As Crônicas do Matador do Rei, também do autor. Gostei muito de sair do eixo da narrativa tradicional de Kvothe. Embora não tenha aprendido muito sobre a Auri, pude ver como o relacionamento dela com o mundo ao seu redor pode trazer benefícios sobre o mundo ao meu redor, principalmente com o respeito que devemos ter com tudo o que nos cerca.

Estas foram as obras lidas. Espero poder ler mais ainda este semestre.
Você encontra estas obras na

Vitrola:
JAMES JOYCE - RETRATO DO ARTISTA QUANDO JOVEM

MOACYR SCLIAR - O CENTAURO NO JARDIM

PATRICK ROTHFUSS - A MÚSICA DO SILÊNCIO


Saraiva:
ALDOUS HUXLEY - ADMIRÁVEL MUNDO NOVO


Cultura:
UMBERTO ECO - BAUDOLINO

quinta-feira, abril 14, 2016

Os Segredos Matemáticos dos Simpsons, Simon Singh

Depois de muito protelar e me sabotar, finalmente, sai a minha revisão sobre o livro "Os segredos matemáticos dos Simpsons", de Simon Singh. Antes de começar a escrever sobre a obra, que também aborda sobre Futurama, permita-me discorrer sobre a minha admiração sobre Os Simpsons. No começo dos anos 00, minha mãe trabalhava na universidade aqui na cidade, até então a única. E o que isso tem a ver? Bem, ela imprimiu algumas curiosidades que estavam no site oficial do desenho e me trouxe. Nós não tínhamos acesso à internet em casa. Ela também trouxe conteúdo em um flop disk (esqueci o nome disso em português e não vou procurar) que estava no site. Tudo isso porque Os Simpsons sempre foram meu desenho preferido. Eu lembro de assistir no SBT (São Bem Tongos) e ter gravado episódios em VHS, sendo que quando assistia aos episódios no VHS o Closed Caption aparecia (mistério) e assim eu poderia ter mais ideia das piadas que, por muitas vezes, ficavam obscuras pelas idiossincrasias. Ao fim e ao cabo, essa era apenas citação sobre o quanto gosto do universo amarelo.

Ao ver a capa do livro em uma livraria na praia me interessei e comprei. O livro é bem desafiador para mim, que gosta de literatura, afinal, ele discorre sobre matemática, algo que abandonei lá pela 6ª série do fundamental. Mesmo assim, não é impossível de ler, pois até eu consegui entender, a maioria, do que lá está descrito. É interessante também pelas curiosidades dos escritores da série. Até então não sabia que boa parte deles fizera carreira no ramo dos números, e não na literatura, e isso me surpreendeu, mostrando que as decisões universitárias que tomamos não precisam ser necessariamente seguidas. A comédia pode ser matemática, como visto no livro. Outra parte importante foi sobre Futurama, que é uma série muito mais tecnológica que Os Simpsons. Que ela usava muito mais conceitos matemáticos não é novidade para ninguém que conheça, mas é legal saber das histórias e de como a matemática está inserida no contexto. Se você quiser saber como é, leia. Tem muito mais coisas legais dentro do livro e minhas revisões são sobre o que senti ao ler, e não um resumo ou resenha. Reforço, como leitor, que me considero, a curiosidade é a palavra-chave, e vale a pena ler sobre. Além do desafio de sair da zona de conforto e entrar de cabeça na matemática