quarta-feira, fevereiro 15, 2023

A Batalha do Apocalipse

Diferente do que eu esperava encontrar, a Batalha do Apocalipse é uma história interessante que versa sobre anjos e demônios, mas nem todos os anjos são anjinhos e nem todos os demônios são diabólicos. É um romance que tem como pano de fundo a guerra entre os anjos, divididos em dois grupos, seguidores de Miguel e seguidores de Gabriel. Há também os renegados, anjos que se rebelaram há tempos e não moram mais no céu, mas sim na Terra. No caso só há um ainda em batalha, Ablon, que é o personagem principal da trama. Tudo se encaminha para o Apocalipse, os humanos estão em guerra, os anjos estão em guerra, o inferno está pronto para entrar na guerra angélica e Ablon tem sua história contada desde os tempos mais remotos entrecortada com eventos atuais, os chamados "sinos" para o fim do mundo, que é cada evento humano em direção à guerra e destruição em massa devido às poderosas armas que os exércitos têm atualmente. 

Eu realmente não esperava ler um romance assim. É uma boa obra. Desperta muito interesse em continuar a ler. A cada capítulo eu conseguia imaginar uma série ou um filme. Se há críticas quanto ao livro essa é uma, a de que parecia mesmo que é uma obra ou roteiro pensado em ser um seriado. O personagem principal passa por maus bocados, encontra um amor, eles têm um motivo para se separar, acabam vivendo suas vidas sem nunca esquecer um do outro, mas a cada aproximação o destino os leva a outros caminhos, até que em uma batalha final o herói salva o mundo, o céu e também a sua amada, e eles, finalmente, conseguem ficar juntos.

Assim que terminei a leitura deste livro já comecei a obra seguinte, Filhos do Éden: Herdeiros de Atlântida. O mundo criado pelo autor, Eduardo Spohr, é muito rico e interessante, com uma perspectiva sobre os anjos e seu papel no universo muito diversa da encontrada na religião, porém bem baseada naquilo que é narrado pela igreja.


segunda-feira, fevereiro 28, 2022

O Conde de Monte Cristo - Alexandre Dumas

Romance de capa & espada do séc. XIX, mas não é sobre isso. A vingança é o tema central dessa história mirabolante. Em certas partes senti falta de detalhamento das cenas, as descrições eram muito simplórias, os planos bem elaborados e todos chegavam ao final na forma como o protagonista planejava, sem surpresas para ele. Alexandre Dumas contava com o auxílio de demais autores para escrever suas histórias, mas eu gosto muito dessas histórias. Em 2013 (ou 2012) eu havia lido Os Três Mosqueteiros, edição muito boa encontrada em um sebo. Dessa vez a leitura se deu no Kindle usando a assinatura prime, empréstimo. Foi interessante fazer a busca no dicionário das palavras em que não conhecia ou mesmo das expressões em francês. Depois de utilizar esses recursos não sinto mais vontade de ler no papel, embora seja mais prazeroso. Leitura feita em 3 noites de muitas horas seguidas de esforço, mas como cada capítulo terminava com gostinho de quero mais, terminou rápido. Meus olhos sofreram muito no dia seguinte, ainda tenho partes vermelhas. Já tive um derrame em forma de chama na retina ano passado. Vai até que funciona, vou ficar cego mesmo em breve e que se foda.

sábado, outubro 30, 2021

Homo Ferox: As origens da violência humana e o que fazer para derrotá-la, de Reinaldo José Lopes

Há muito não escrevo sobre o livro lido, falha minha, porém corrigível, basta acrescentar ao blog palavras sobre a obra. Desta vez faço isso logo após terminar a primeira leitura do livro "Homo Ferox: As origens da violência humana e o que fazer para derrotá-la" de Reinaldo José Lopes. Esta tentativa de atualizar o blog se dá à meia-noite de sábado, 30 de outubro, uma semana após receber, graças ao incrível esforço do Blablalogia em presentear alguns dos seus, essa obra que trata sobre a violência, não apenas do ser humano, como sugere o título, mas também de demais animais, embora tenha como foco o animal humano ao longo da história. 

Foram 310 páginas lidas em uma semana, mas de leitura muito leve, que me lembrou muito a de uma revista a mim muito querida, a Superinteressante, memória afetiva minha dos anos 90, quando comecei a ler as reportagens sobre ciência, mesmo sem saber que existia uma profissão e um mercado de trabalho para isso, enfim, o jornalismo. Reinaldo é jornalista, escreve principalmente sobre os feitos e descobertas da ciência. Durante a leitura, senti como se estivesse lendo um grande reportagem, com muitos dados e pedaços de entrevistas feitas com cientistas, que embasavam a visão do escritor sobre o tema, além de infográficos que ajudavam a elucidar o assunto. Falar sobre violência não deve ser fácil, mas o autor conseguiu com maestria deixar leve, leve mesmo, essa questão tão pesada e incômoda como o elefante na sala da humanidade. 

O que fazer para derrotar a violência sem usar de ainda mais violência? Algo inpensável para muitas pessoas que só veem um mundo dicotomizado, o último capítulo do livro aborda esssa questão, em alguns passos, numa tentativa que faz muito sentido, afinal, de que adianta falar sobre esse problema da violência se nada for feito para saná-la? São reflexões muito condizentes com o atual cenário em que vivemos.

Mais uma vez, agradeço a equipe do Blablalogia por ter me proporcionado um exemplar, Imperatriz Milla e Emílio, demais integrantes, e parabéns Reinaldo por ter escrito essa obra. 

Homo leitor segurando com uma mão o livro Homo Ferox e com a outra mão registrando esse momento, Miguel Scapin - outubro de 2021


HOMO FEROX: AS ORIGENS DA VIOLÊNCIA HUMANA E O QUE FAZER PARA DERROTÁ-LA - 1ª ED. (2021)

ISBN: 9788595087033

IDIOMA: Português

PÁGINAS: 320

ANO DE EDIÇÃO: 2021

EDIÇÃO: 1ª

AUTOR: Reinaldo José Lopes

sábado, abril 10, 2021

Sobre os vários livros que li em 3 anos e que não foram publicados aqui

Eu li vários livros bons desde 2018 e não escrevi resenha, resumo, lembrete, notinha de rodapé, post it, enfim, nada neste blog. O único propósito do blog era deixar registrado o que eu lia para que eu soubesse o que havia aprendido. Aprendi. Sim, aprendi que me excluí. Deletei, apaguei, joguei para baixo do tapete minhas opiniões, meu temperamento, minhas preferências, meus gostos, meu jeito, tudo, tudo o que fazia com que a minha marca pessoal existisse e que pudesse ser alvo de críticas, de julgamentos. Não foi apenas neste blog, mas em redes sociais, em redes de amizades presenciais, em tudo. Os textos não escritos aqui refletem a minha realidade de omissão a tudo. É o período mais triste de quem sempre se expressou com sinceridade, esconder-se atrás de uma fina casca de imaturidade. Há um livro ao lado da cabeceira da cama e pelo julgar da hora, 12h14, logo eu estarei lendo o terceiro volume da coleção The Starbuck Chronicles - Battle Flag, de Bernard Cornwell. Pode ser que eu volte a publicar o que li e o que tenho lido aqui neste espaço. Preciso primeiro me encontrar, ou encontrar o que sobrou do Miguel passados 3 anos escondido numa brincadeira de esconde-esconde sem fim.

domingo, julho 29, 2018

Maturidade e velhice (ou O amor nos tempos do cólera)

Finalmente chega um momento da vida em que se decide quais caminhos serão seguidos. Isso pode acontecer muito breve, aos 17 anos, com a escolha e aprovação no curso universitário, ou aos 30 anos, quando se tem, no mínimo, seis ofícios para se trabalhar. Esse último é o meu caso. E isso dificulta muito. Essa liberdade em escolher o caminho me deu tantas portas a serem abertas que nunca me dei por conta de fechá-las. Mas, como pude aprender, da vida nada levamos. Aos 30 não tenho mais paciência para ir a lugares que não quero, passar tempo em festas em que não me sinto bem para ter a oportunidade de conhecer alguém e me relacionar, por mais breve que seja esse relacionamento, com essa pessoa. Aos 30 não tenho a vontade que tinha antes disso. Ao ler O amor nos tempos do cólera percebi que nem todas as pessoas precisam se casar e ter filhos com a pessoa amada enquanto são jovens. Gabriel Garcia Marquez foi tão sutil em sua história que só pude entender melhor o que se passou depois de algumas semanas após ler a obra. Sempre na tentativa de viver as emoções ao máximo, deixei de sentir essas emoções. Perdi a beleza de se apaixonar depois de sofrer por alguém. Perdi os momentos de ansiedade por não acreditar que alguém seria feliz ao meu lado. Na minha escolha de não viver, fiz uma escolha egoísta, não tão diferente da de Florentino Ariza em esperar que Fermina Daza estivesse a fim de partilhar do convívio com ele. Foram longos 50 anos para que esses dois personagens formassem o casal que Florentino desejava. Eu escolhi não formar casal algum. Egoísta que sou, pode ser mesmo, porém não me verei comparecendo a ocasiões em que não me sinto bem. Se são 30 ou 80 anos, não importa, não serei eu a ser um Juvenal Urbino por conveniência. Não serei eu a aguentar a vida morna.

quinta-feira, abril 12, 2018

Carta aberta ao senhor Carl Sagan ou minha revisão de O Mundo Assombrado pelos Demônios

Estimado senhor Sagan,

Tive conhecimento de sua existência quando da sua ausência. Explico. Em 1996, aos 8 anos de idade, minha mãe realizou a assinatura da revista brasileira Superinteressante, e no editorial do quarto exemplar em que recebi em casa soube da sua morte. Até aquele momento não sabia quem você era, muito menos o que tinha feito, mas ao ler aquelas palavras soube que era um importante divulgador científico. Já se passaram muitos anos. Minha curiosidade sobre a astronomia continua, embora tenha tido altos e baixos nesse tempo. E entendi melhor, aos 30 anos, por que não me interessei em seguir uma carreira acadêmica voltada à física, quando li seu livro O Mundo Assombrado pelos Demônios. Não encontrei nenhuma receita Winchester de como se livrar destes demônios (foi uma piada, às vezes acho que sou engraçado), mas percebi que como seres pensantes temos que nos desenvolver melhor, livrarmos de amarras que nos prendem a superstições. Estas correntes fazem parte do mundo ocidental em que vivemos. Não vou entrar no caso da religião. Keppler que o diga, lidou bem com isso, mas claramente o cenário de 2018 no Brasil é bem assustador. A ignorância e intolerância se propagam com rapidez através de algo chamado internet, que ainda engatinhava quando o senhor escrevia o referido livro. Fizemos boas coisas com a internet, mas também coisas ruins. Estamos totalmente conectados em aldeias globais, podemos nos comunicar rapidamente com os outros, e aqueles mesmos desejosos por enganar os outros continuam a existir também nessa rede. São inúmeros os casos de notícias falsas, propagadores de invencionices que causam espanto até mesmo naqueles senhores que criaram os círculos nas plantações, que mesmo admitindo a autoria do ato, seguem sendo copiados mundo afora. O seu livro trata bem do caso americano de ensino. Não é muito diferente do país em que vivo. Saiba que aqui é pior, muito pior. Professores não recebem o seu salário inteiro porque o governo alega não ter dinheiro, enquanto gasta milhões em outras coisas, só para citar um exemplo. Mas nem tudo é tão ruim. Há cidadãos neste mundo REDONDO (sim, a crença do planeta plano persiste e se espalha com força no globo, GLOBO) que se esforçam para realizar a divulgação científica, seja em salas de aulas, canais na plataforma de vídeos online, palestras em locais públicos e privados, além de outros lugares. O Dragão Invisível segue à solta, mas novos São Jorge bem visíveis surgiram com lanças poderosas a espetar o peito metálico da ignorância. O mundo segue a ser assombrado pelos demônios, agora com esteroides, senhor Sagan. Não sabemos se um dia eles deixarão de existir, porém é isso que faz do trabalho da ciência desafiador, superar os limites do conhecimento para depois questionar esses limites e seguir nessa constante busca pelo saber.

Crowley assombrando o mundo (mais uma pida sem graça minha)

sexta-feira, setembro 22, 2017

A Sangue Frio - Truman Capote

Truman Capote levou alguns anos para escrever A Sangue Frio. Eu levei bem menos tempo para escrever este texto, porém só o fiz depois de, talvez, 10 anos. Começou ainda na URI, durante o projeto de literatura-cinema. Os alunos deveriam ler a obra e depois assistir algo relacionado ao livro retratado no cinema. Calhou assistir Capote, de 2005, dirigido por Bennett Miller com Philip Seymour Hoffman no papel do jornalista/escritor Truman Capote. A Sangue Frio conta a “história dos quatro membros da família Clutter, brutalmente assassinados, e dos dois criminosos, executados cinco anos depois”. A informação está na capa do livro. Spoiler alert pra quê? Já sabemos o que aconteceu e como terminou. Só que não é bem assim.
Ao ler o livro pela segunda vez, algo que dificilmente faço, fui prestando atenção a outros aspectos que passaram batidos na primeira vez. Na verdade minha memória não tem a capacidade alegada por Capote de “95%” de acurácia. Eu nunca testei e nem vou testar, tendo em vista que o motivo deste blog é para poder recordar o que li. Portanto, não lembro se prestei atenção a aspecto algum, porém nas últimas semanas, aí sim, fiquei intrigado com a escrita do texto. Fiquei pensando em como o jornalista conseguiu as entrevistas, como articulou as perguntas, como escolheu, das 8 mil páginas, aquelas que fariam parte da história, as que interessavam, que deixavam o texto fluido, que faziam sentido. Penso na maneira que ele dispôs os diálogos, as escolhas que fez para intercalar as histórias dos dois assassinos percorrendo as estradas, das pessoas da pequena cidade do interior do Kansas, dos Clutter, que seriam mortos. E ainda, quando eles são pegos pela polícia, das horas que ele passou conversando com os criminosos. Como ele conseguiu tudo aquilo? Está tão bem amarrado que fica difícil imaginar como alguém não inventou aquilo. Ao final da obra, podemos ler as críticas do “romance de não-ficção”, como cunhado por Capote para se referir a sua obra. E claro, elas se dirigem aos diálogos criados pelo romancista.

Inventadas, imaginadas, tiradas da boca das testemunhas reais, ou colocadas, posteriormente, as palavras têm todo o poder no jornalismo. Se uma imagem vale por mil palavras, não há imagem que possa despertar tantos sentimentos quanto uma história bem contada, recheada de palavras, como essa, contada por Truman Capote, que levou 6 anos para ficar pronta e ser publicada. E entrar para a história da literatura e do jornalismo.

Coloquei um pouco de movimento na edição para dar sensação de passagem de tempo