segunda-feira, outubro 24, 2016

Suave é a noite - F. Scott Fitzgerald

Essa foi uma obra que demorei certo tempo para terminar sua leitura. Por quê? Porque não estava muito no clima de um romance dos anos 20. Ele é dividido em III partes, chamadas Livro 1, 2 e 3, sendo que a história não está na ordem natural das coisas, isto é, começamos conhecendo os personagens principais no Livro 1, porém no Livro 2 o passado dos personagens é relatado. Foi só aí que comecei a achar interessante o livro. Nesse ínterim, acabei parando de lê-lo para ingressar no mundo de Kurgala, como já descrito nos posts anteriores.
Já havia lido um livro de Fitzgerald anos atrás, do qual gostei muito, o que não faz com que não tenha gostado deste, apenas demorei demais para achá-lo interessante. O universo das pessoas muito ricas antes da quebra da bolsa de 1929 ainda me parece muito fora dos padrões aos quais eu consiga imaginar como natural, mas acho que o mesmo se aplica se eu lesse sobre o alto padrão milionário da época atual. Como não o faço, fico na hipótese de que sim, sem comprovação da minha parte.
A história começa na Riviera Francesa, com o casal Diver fazendo amigos com outros ricos. Não há preocupação de explicar por que são ricos. Nisso, eles conhecem uma jovem atriz de Hollywood, Rosemary, que ao longo da trama, se apaixona por Dick Diver, marido de Nicole. A partir disso os vícios de caráter destes personagens começam a aparecer, chegando a uma degradação fortíssima em Dick, um médico psiquiatra que aceitara casar-se com sua única paciente até o momento, e claro, se eu ficar escrevendo sobre isso acabarei contando a história toda, e não é por isso que escrevo aqui (é para lembrar-me sobre o que já li).
O aspecto mais forte que considero é a recuperação por parte de Nicole e a degradação de Dick, e como cada um reage a isso. Como Dick suportou tanto tempo agindo como todos desejavam que ele agisse, um cavalheiro quase que perfeito, sendo que em seu interior nada era tão estável como imaginassem os amigos e a sociedade? É uma pressão um pouco egoísta, também da minha parte como leitor, mas é um homem, caucasiano, bem sucedido, que atingiu status desejado por muitos americanos (A Casa da Felicidade, de Edith Wharton, mostra o que é esse desejo americano de se viver europeu), casado com uma mulher linda, filhos bem educados, e tudo mais que a sociedade espera e cobra de uma pessoa, mas que não se encontrou como pessoa, não sabe seu caminho. Isso acontece com a natureza humana, não temos a resposta para: o que fazemos no mundo, qual meu propósito na vida? escrita em nosso DNA. Alguns sortudos a descobrem, outros fingem encontrar, e outros não se importam com isso, mas sempre existirão aqueles que passarão suas vidas a dedicar tempo e mais tempo a fim de descobrir isso, sem sucesso até o final.
Na edição que li é possível ler Nota sobre o texto, que explica o contexto da publicação da obra, por Arnold Goldman, além de Notas explanatórias.
Boa leitura a todos.

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