sexta-feira, dezembro 30, 2016

Os Irmãos Karamázov - Fiódor Dostoiévski


No começo de minha escrita decidi que a cada livro lido desta obra (dividida em livros) faria um breve resumo. Mal comecei e parei com esta atividade, tendo em vista que a wikipédia apresenta a obra desta mesma forma. Então voltei meus esforços em fazer aquilo que mais me agrada, escrever sobre o que senti ao ler. Claro, não sem antes descrever um pouco a situação em que se encontram os personagens, afinal, não quero uma bagunça, mas algo em que possa ler e retornar a experiência vivida.
A trama se desenvolve em torno das desventuras da família Karamázov, tradicional família de sensuais, sendo Fiódor o patriarca e Dmitri (Mitia), Ivan e Aliêksei (Aliocha) seus filhos. Fiódor faz estimada fortuna ao casar-se pela primeira vez, embora tenha se casado duas vezes. Teve um filho do primeiro casamento e dois do segundo, porém nunca teve relação com seus filhos, nunca os criou, delegando (ou relegando) essa tarefa a empregados ou parentes de sua ex-esposa.
A história começa a pegar fogo quando seus filhos já estão adultos (ou praticamente, Aliocha é novo, mas nem tanto) e acabam voltando suas ações ao descarado patriarca russo. O que mais me chamou a atenção nesse ponto é o fato de que tanto o velho Fiódor quanto seus filhos atraem as mulheres, eles são considerados “sensuais por sua natureza”. Esse tema é bastante discutido durante a história. Dmitri tem uma noiva, mas é atraído por Grushenka, que dá atenção também a Fiódor. Ivan se aproxima da noiva de Dmitri, mas não admite seu interesse, mesmo quando Aliocha tenta meter a colher onde não é chamado, Ivan renega seus sentimentos e Aliocha se aproxima de Grushenka, que por sua vez sempre bradou que tinha interesse em Aliocha, sendo que este despertou o interesse de uma menina chamada Lisa, que mora com a ex-noiva de Dmitri, Katierina. Só sei que esses “kara” tem borogodó.
Outro tema proposto é o da existência de Deus. Ivan formula algumas teses dentro da obra através da criação de um conto em que Jesus Cristo retorna à Terra, mas é rejeitado por promover a desordem e o caos, por causa de sua vinda. Por sua vez, Aliocha faz parte de um “mosteiro”, por assim dizer, e tem como Zózimo seu mestre e mentor. Zózimo morre no decorrer da história e é venerado por muitas pessoas, ao passo que desperta a inveja de outros monges, o que faz gerar histórias a favor e contra essa pessoa. Tem-se muita discussão sobre a religião e a forma como os russos a encaram. Além de algumas festas. As festas que Mítia deu merecem uma breve descrição. Ok, nem tanto, mas poderíamos considerá-lo um “rei do camarote” da época. Champagne, música ao vivo, confusão, brigas… Parece até uma festa atual, mas com Mítia bancando tudo, gastando muito dinheiro em poucas horas. Isso é um tanto perturbador. Os personagens da história criticam Dmitri por ele não se importar com o dinheiro. Parece alguém que não dá bola para o amanhã, para o futuro, vive o presente, carpe diem, embora a situação não seja assim favorável. São muitos elementos descritos na obra que lembram situações atuais, como essa, em que um jovem torra a grana de seu pai em festas
Trata-se de um romance essencial. Todas as pontas estão amarradas, embora Dostoiévski estivesse escrevendo a continuação da obra, que seria mais focada em Aliocha, quando faleceu, sem terminar essa segunda obra. Ler este livro é como poder estar em um pedacinho da Rússia no séc.XIX, em meio a questões religiosas, de reavaliação da identidade russa, além de uma grande confusão entre amores não vividos, negação da paternidade, assassinato, tentativa de assassinato, julgamento e festas.