domingo, janeiro 08, 2017

O homem que caiu na Terra - Walter Tevis

Comecei a ler este livro na noite de 2/01 e já terminei sua leitura na madrugada de 6/01. São pouco mais de 200 páginas de uma história curta, porém objetiva. A obra foi publicada em 1963, em plena confusão da guerra fria, após a Segunda Guerra Mundial e outras guerras, como a da Coreia. O autor se baseia em um mundo em que as relações diplomáticas entre países estão profundamente abaladas após tantas guerras. Até o Brasil teve suas relações cortadas com os Estados Unidos, o que resultou em escassez de café ao país ao norte da linha do Equador.
A história começa no ano de 1985, e como o título do livro diz, um homem um tanto quanto diferente está na Terra. Não sabemos exatamente seus planos, porém seus inventos aprimoram equipamentos existentes no planeta, o que desperta a atenção do governo norte-americano e também de um cientista, intrigado com as revelações de filmes fotográficos. A reputação de Nathan Bryce, químico que trabalha em uma universidade, faz com que seja contratado pela empresa do homem que caiu na Terra, Thomas Jerome Newton, a World Enterprises Corporation. A outra personagem recorrente na história é Betty Jo, governanta da mansão e da vida de Newton.
Não vou mais contar mais detalhes sobre a história. O que me levou a considerar alguns pontos interessantes sobre o livro é a capacidade de arguir que se tivéssemos alguém, um ser especial, com ampla capacidade de raciocínio, e que viesse para este planeta para nos alertar sobre o fim do mundo através de guerras, colocaríamos ele na cadeia. Primeiro, por ser de outro planeta, e depois porque a guerra movimenta esse mesmo mundo. Basicamente o plano do alienígena é resgatar seu povo, que fora destruído com tantas guerras, ao mesmo tempo que destruiu seu mundo, seus recursos naturais. Ao chegar na Terra ele fica maravilhado com o simples fato de termos água. Mesmo escrito em 1963 esse é um tema cada vez mais atual. Poucas vezes percebemos o quão bom é termos água potável em nossas casas, como é bom termos chuvas, podermos represar essa água que cai do céu. Ano passado trabalhei em um congresso em que um professor americano dizia que botamos nossa água fora. Moro no Rio Grande do Sul, e na região que vivo a média anual é de 1.800 mm, enquanto que na região onde este professor trabalha são 1.000 mm a menos, e mesmo assim eles produzem mais grãos do que aqui. Eu costumo fazer breves relatos sobre o que li, pois tenho uma memória muito ruim. Não sou capaz de dar detalhes das histórias que li ou vi sem ter algo anotado. Gosto da literatura, mas faço a leitura dela por diversão. Entretanto, nesse texto, quero discorrer rapidamente sobre um enorme erro que cometemos. Há um ditado popular que diz que dinheiro não cai do céu. Aqui está o erro. Dinheiro cai do céu. A cada chuva que temos é dinheiro caindo e se esvaindo por valetas de esgoto, rios de dinheiro desperdiçados. A radiação solar é pouco aproveitada. São raios e mais raios que fazem uma viagem enorme saindo da nossa estrela fundamental e que poderiam ser transformados em energia, mas que também são desperdiçados em sua gigantesca maioria, assim como os ventos, invisíveis que são, continuam sendo, e sua jornada ao redor do planeta passa despercebida, lembrada apenas quando temos catástrofes, desencadeadas, muitas vezes, pela interferência do homem e sua incrível ganância de se tornar invencível até o dia de sua morte, como o governo retratado na história de Walter Tevis, que por medo de perder poder, não divulga que um ser extraterreno está na Terra e que seu objetivo é trazer seus amados para um planeta ainda não destruído, ao passo que pode mostrar o que foi feito de errado na trajetória de sua terra natal e auxiliar a evitar que o mesmo ocorra aqui, pois já estamos nos destruindo. Embora o autor estivesse escrevendo sobre um cenário apocalíptico, não estamos distantes de acabarmos com esse pálido ponto azul em que vivemos.
Espero que essas previsões nada acolhedoras mudem, porém é utopia achar que mudaremos nossa essência irracional de ser.


Sobre a versão da obra pela editora Darkside:


Parabéns! Lindo livro, capa dura, borda laranja com fita marcadora de página. A ilustração da capa e contra faz parte do filme O Homem que Caiu na Terra, com David Bowie fazendo o papel principal do alienígena Antheano.  

Eu disse que era um versão muito legal